quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A PRIMEIRA AÇÃO DE MARIA APÓS SEU DESENCARNE


Maria após deixar o corpo físico foi rever a Galileia com os seus sítios preferidos1. Bastou desejar e lá estava ela revendo o Lago de Genesaré e toda sua bela paisagem.
Neste instante lembrou dos discípulos que eram já a este tempo perseguidos pela fúria humana ainda dissociada do Bem, e desejou abraçá-los fortalecendo-os em suas lutas íntimas. É que já acontecia por parte das autoridades do império romano as perseguições aos seguidores de Jesus, perseguições estas que levavam os cristãos autênticos a grandes sacrifícios em favor do Evangelho. Bastou esta expressão de sua vontade e rapidamente se viu em Roma onde nos cárceres do Esquilino centenas de seguidores de Seu Filho sofriam terríveis constrangimentos.
Narra Humberto de Campos que imediatamente os condenados experimentaram no coração um consolo desconhecido.
E continuando a narrativa informa-nos o cronista do Mundo Invisível:
Maria se aproximou de um a um, participou de suas angústias e orou com as suas preces, cheias de sofrimento e confiança. Sentiu-se mãe daquela assembleia de torturados pela injustiça do mundo. Espalhou a claridade misericordiosa de seu Espírito entre aquelas fisionomias pálidas e tristes.
Eram anciães que confiavam no Cristo, mulheres que por ele haviam desprezado o conforto do lar, jovens que depunham no Evangelho do Reino toda a sua esperança. Maria aliviou-lhes o coração e, antes de partir, sinceramente desejou deixar-lhes nos espíritos abatidos uma lembrança perene. Que possuía para lhes dar? Deveria suplicar a Deus para eles a liberdade?! Mas, Jesus ensinara que com ele todo jugo é suave e todo fardo seria leve, parecendo-lhe melhor a escravidão com Deus do que a falsa liberdade nos desvãos do mundo. Recordou que seu filho deixara a força da oração como um poder incontrastável entre os discípulos amados. Então, rogou ao Céu que lhe desse a possibilidade de deixar entre os cristãos oprimidos a força da alegria. Foi quando, aproximando-se de uma jovem encarcerada, de rosto descarnado e macilento, lhe disse ao ouvido:
— “Canta, minha filha! Tenhamos bom ânimo!… Convertamos as nossas dores da Terra em alegrias para o Céu!…”
A triste prisioneira nunca saberia compreender o porquê da emotividade que lhe fez vibrar subitamente o coração. De olhos extáticos, contemplando o firmamento luminoso, através das grades poderosas, ignorando a razão de sua alegria, cantou um hino de profundo e enternecido amor a Jesus, em que traduzia sua gratidão pelas dores que lhe eram enviadas, transformando todas as suas amarguras em consoladoras rimas de júbilo e esperança. Daí a instantes, seu canto melodioso era acompanhado pelas centenas de vozes dos que choravam no cárcere, aguardando o glorioso testemunho.
Acrescenta ainda o autor espiritual que:
Logo, a caravana majestosa conduziu ao Reino do Mestre a bendita entre as mulheres e, desde esse dia, nos tormentos mais duros, os discípulos de Jesus têm cantado na Terra, exprimindo o seu bom ânimo e a sua alegria, guardando a suave herança de nossa Mãe Santíssima.

Humberto de Campos

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